quinta-feira, 21 de março de 2013

REALISMO/PARNASIANISMO/SIMBOLISMO


REALISMO

            Realismo foi um movimento artistico e literário surgido nas últimas décadas do século XIX na Europa, mais especificamente na França, em reação ao Romantismo. 
Entre 1850 e 1880 o movimento cultural, chamado Realismo, predominou na França e se estendeu pela Europa e outros continentes. Os integrantes desse movimento repudiaram a artificialidade do Neoclassicismo e do Romantismo, pois sentiam a necessidade de retratar a vida os problemas e costumes das classes média e baixa não inspirada em modelos do passado.

Características do Realismo

Veracidade: Demonstra o que ocorre na sociedade sem ocultar ou distorcer os fatos.

Contemporaneidade: descreve a realidade, fala sobre o que está acontecendo de verdade.

Retrato fiel das personagens: caráter, aspectos negativos da natureza humana.

Gosto pelos detalhes: lentidão na narrativa.

Amor: a mulher objeto de prazer/adultério.

Denúncia das injustiças sociais: mostra para todos a realidade dos fatos.

Determinismo e relação entre causa e efeito: o realista procurava uma explicação lógica para as atitudes das personagens, considerando a soma de fatores que justificasse suas ações. Na literatura naturalista, dava-se ênfase ao instinto, ao meio ambiente e à hereditariedade como forças determinantes do comportamento dos indivíduos.

Linguagem próxima à realidade: simples, natural, clara e equilibrada.

Perceba as características do Realismo neste fragmento:

Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo.
[…].
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sangüínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 15. ed. São Paulo: Ática, 1984. p. 28-29.

PARNASIANISMO

Movimento literário que se originou em Paris, França, representou na poesia o espírito positivista e científico da época, surgindo no século XIX  em oposição ao romantismo. O seu nome vem do Monte Parnaso, a montanha que, na mitologia grega era consagrada a Apolo e às musas.
Caracteriza-se pela sacralidade da forma, pelo respeito às regras de versificação, pelo preciosismo rítmico e vocabular, pelas rimas raras e pela preferência por estruturas fixas, como os sonetos. O emprego da linguagem figurada é reduzido, com a valorização do exotismo e da mitologia. Os temas preferidos são os fatos históricos, objetos e paisagens. A descrição visual é o forte da poesia parnasiana, assim como para os românticos são a sonoridade das palavras e dos versos. Os autores parnasianos faziam uma "arte pela arte", pois acreditavam que a arte devia existir por si só, e não por subterfúgios, como o amor.

Características gerais do Parnasianismo

Preciosismo: focaliza-se o detalhe; cada objeto deve singularizar-se, daí as palavras raras e rimas ricas.
Objetividade e impessoalidade: O poeta apresenta o fato, a personagem, as coisas como são e acontecem na realidade, sem deformá-los pela sua maneira pessoal de ver, sentir e pensar. Esta posição combate o exagerado subjetivismo romântico.
Arte Pela Arte: A poesia vale por si mesma, não tem nenhum tipo de compromisso, e se justifica por sua beleza. Faz referências ao prosaico, e o texto mostra interesse a coisas pertinentes a todos.
Estética/Culto à forma: Como os poemas não assumem nenhum tipo de compromisso, a estética é muito valorizada. O poeta parnasiano busca a perfeição formal a todo custo, e por vezes, se mostra incapaz para tal.


Aspectos importantes para essa estética perfeita são:

Rimas Ricas: São evitadas palavras da mesma classe gramatical. Há uma ênfase das rimas do tipo ABAB para estrofes de quatro versos, porém também muito usada as rimas interpoladas.

Valorização dos Sonetos: É dada preferência para os sonetos, composição dividida em duas estrofes de quatro versos, e duas estrofes de três versos. Revelando, no entanto, a "chave" do texto no último verso.

Metrificação Rigorosa: O número de sílabas poéticas deve ser o mesmo em cada verso, preferencialmente com dez (decassílabos) ou doze sílabas(versos alexandrinos), os mais utilizados no período. Ou apresentar uma simetria constante, exemplo: primeiro verso de dez sílabas, segundo de seis sílabas, terceiro de dez sílabas, quarto com seis sílabas, etc.

Descritivismo: Grande parte da poesia parnasiana é baseada em objetos inertes, sempre optando pelos que exigem uma descrição bem detalhada como "A Estátua", "Vaso Chinês" e "Vaso Grego" de Alberto de Oliveira.

Temática Greco-Romana: A estética é muito valorizada no Parnasianismo, mas mesmo assim, o texto precisa de um conteúdo. A temática abordada pelos parnasianos recupera temas da antiguidade clássica, características de sua história e sua mitologia. É bem comum os textos descreverem deuses, heróis, fatos lendários, personagens marcados na história e até mesmo objetos.

Cavalgamento ou encadeamento sintático: Ocorre quando o verso termina quanto à métrica (pois chegou na décima sílaba), mas não terminou quanto à ideia, quanto ao conteúdo, que se encerra no verso de baixo. O verso depende do contexto para ser entendido. Tática para priorizar a métrica e o conjunto de rimas.


A um poeta

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço: e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego

Não se mostre na fábrica o suplicio
Do mestre. E natural, o efeito agrade
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
                                                              Olavo Bilac



SIMBOLISMO

Simbolismo é uma tendência literária da poesia e das outras artes que surgiu na França, no final do século XIX, como oposição ao Realismo, ao Naturalismo  e ao Positivismo da época.

Principais características

Subjetivismo:  Os simbolistas terão maior interesse pelo particular e individual do que pela visão mais geral.

Musicalidade:

Transcendentalismo:


Veja um trecho do poema “Cristais”, no qual é claro o uso da sinestesia, recurso estilístico que associa dois sentidos ou mais (audição, visão, olfato, etc.):

Mais claro e fino do que as finas pratas
o som da tua voz deliciava…
Na dolência velada das sonatas
como um perfume a tudo perfumava.

Era um som feito luz, eram volatas
em lânguida espiral que iluminava,
brancas sonoridades de cascatas…
Tanta harmonia melancolizava.

Filtros sutis de melodias, de ondas
de cantos volutuosos como rondas
de silfos leves, sensuais, lascivos…

Como que anseios invisíveis, mudos,
da brancura das sedas e veludos,
das virgindades, dos pudores vivos.


sexta-feira, 8 de março de 2013

O Brasil no início do Século XX


O Brasil no início do século XX.

No início do século XX, a economia brasileira vivia uma situação de caráter transitório. 

Por um lado, o meio rural ainda representava uma parcela significativa dos contingentes populacionais e da movimentação da economia nacional.
Cena do Filme "Jeca Tatu".

 Por outro, os centros urbanos cresciam promovendo a criação de fábricas onde uma classe de trabalhadores ganhava espaço paulatino.  

 Vale do Anhangabaú, Teatro Municipal e Hotel Esplanada, em 1934.
2. Contexto histórico
Durante as duas primeiras décadas do século XX, a vida cultural e artística de nosso país foi marcada pela coexistência de características realistas, naturalistas, parnasianas e simbolistas, num sincretismo de tendências que fez dessa fase uma época de transição em nossa cultura. 
Imagem caricaturada do "Jeca Tatu"


Nas artes, posições conservadoras, tradicionais e passadistas conviveram com atitudes renovadoras, voltadas para a atualização da inteligência artística. 


A problematização da realidade social brasileira, com novos enfoques temáticos, constituiu a principal marca da literatura brasileira do período, chamado pela crítica de Pré-Modernismo, a qual se desenvolveu num contexto em que se destacam os seguintes fatores:
  • 1894 a 1930: "Primeira República" ou "República Velha" - hegemonia dos proprietários rurais de São Paulo e Minas Gerais - "política do café com leite";
  • "política dos governadores" - decisões econômicas e políticas do país;
  • classe dominante - cafeicultores, latifundiários, secundados por uma burguesia industrial incipiente, por profissionais liberais e pelo exército;
  • aumento da complexidade social do país - cidades - profissionais liberais, comércio, prestação de serviços, imigrantes europeus e antigos escravos;
  • crescimento da industrialização - aumento da classe operária - sindicatos, movimentos de contestação, greves;
  • diversificação no país:
* São Paulo - centro industrial (greves operárias);


* Rio de Janeiro - capital federal e centro político-cultural (Revolta da Chibata/greve popular contra a vacinação obrigatória contra a febre amarela); 

* Nordeste (NE) e outros estados - economia agrária (engenhos em decadência/ fenômeno do cangaço/fanatismo religioso com padre Cícero, Monge João Maria e Antônio Conselheiro).

A literatura refletiu esse caráter transitório: assim, se de um lado ainda sobrevivia uma literatura de linguagem tradicional, acadêmica, ornamental, repetindo os modelos parnasianos, de outro emergia uma linha progressista, voltada para o presente, que questionava a realidade social do país.