sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Descrição


                                  Descrição

     Descrever é “fotografar” ou “pintar” um determinado objeto (uma pessoa, um lugar, uma coisa, uma cena etc.) por meio de palavras que o caracterizem, de forma a ressaltar a sua singularidade, a sua especificidade. Enquanto a imagem plástica ou visual permite  que o sujeito apreenda o objeto em sua totalidade, a descrição verbal o mostra  de forma sequencial e progressiva, destacando-lhe os detalhes significativos.



Self portrait with family, George Ludwing Eckhardt, 1606.
                   
                           Como é utilizada

      Em geral, a descrição é utilizada como um subsídio indispensável para a elaboração de vários gêneros textuais, destacando-se os narrativos, como por exemplo as notícias, os diários, os relatórios, os contos,as novelas, os romances etc. Por meio desta modalidade, é possível caracterizar objetos (pessoas e coisas, reais ou imaginárias), espaços, ambientes etc. Além disso, a descrição pode predominar em certos gêneros específicos, como manuais de instrução, receitas culinárias, bulas, regulamentos, poemas líricos etc.


              
               Características essenciais da descrição

     

       A.   Objetivo e ponto de vista – O objetivo pelo qual se produz uma descrição define o ponto de vista ou a perspectiva que o sujeito tem diante do objeto descrito: se ele o vê de dentro ou de fora, de frente, de trás, de cima, de baixo, de lado, com proximidade ou distanciamento etc.

      B. Uso de percepção sensorial – A matéria prima da descrição é a percepção sensorial, os nossos cinco sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar. 
     C. A linguagem descritiva – Por ser um tipo de texto cuja finalidade é caracterizar, a descrição apresenta uma linguagem em que predominam os substantivos, os adjetivos, os verbos de estado e ligação.
 
 
        Os tipos de descrição 


     
   1. Descrição objetiva
 
          Em que consiste 
            ênfase no objeto 
          Principais características
            vocabulário preciso, exatidão dos pormenores e sobriedade da 
           linguagem, em que deve predominar a denotação
           Ponto de vista
          Predominantemente objetivo



         2. Descrição subjetiva 
 
             Em que consiste
               ênfase no sujeito 
           Principais características
           tom afetivo e presença de recursos expressivos típicos da linguagem conotativo
            Ponto de vista
          Predominantemente subjetivo


       3. Descrição estática; 


          Em que consiste
          foco num objeto fixo, imóvel 
         Principais características
         visão de conjunto do objeto descrito, destacando aparência, forma, cor,
         peso,    dimensão   etc. 
        Ponto de vista
        objetivo ou subjetivo
 
       4. Descrição dinâmica ou exposição narrativa 

         
           Em que consiste
           foco num objeto que se move 
           Principais características
           Dinamismo, movimento, presença de elementos narrativos 
          Descrição de processos e de ações
          Foco nas frases ou etapas de desenvolvimento de aparelhos, mecanismos 
          ou procedimentos 
          Principais características
          Exposição em ordem sequencial e progressiva, objetividade, ênfase na ação 
           e em detalhes significativos. 



ATIVIDADE

        Observe as imagens a seguir e escreva em seu caderno um parágrafo descritivo sobre a imagem do quadro 1 e um paragrafo descritivo sobre o quadro 2.
 

                            QUADRO 1
Ficheiro:Vincent Van Gogh - The Potato Eaters.png
The Potato Eaters, 1885, Vicent Van Gogh.

                            QUADRO 2
Ficheiro:Red vineyards.jpg
The Red Vineyard, 1888,Vicent Van Gogh

Leia atentamente o texto apresentado:

 
A relação é o que (não) se vê 
     
 Ver ou não ver, eis a questão. Parece trivial, mas não é. Será que aquilo que a gente vê é mesmo aquilo que a gente vê? Ou a gente vê não o que olha, mas a relação com aquilo que olha? Se for assim, quando se olha alguém  ou alguma coisa, olha-se também para dentro de si mesmo. Em outras palavras, se este argumento fizer sentido, seria legítimo afirmar que a pessoa ou objeto que se olha é também [...] um espelho para nosso espírito [...].
      Pode parecer complicado, mas tudo vai se esclarecer quando esse palavreado abstrato desaguar em exemplos. 
 
 Então, vamos lá: a mulher nua ou homem nu será visto por alguém. Digamos que esse alguém que olha seja médico, que estabeleça com a pessoa observada uma relação profissional. Suponhamos que eles estejam numa consulta médica. Imaginemos, agora, esse homem ou essa mulher diante de um pintor, em um ateliê, posando para uma obra de arte. Imaginemos essa pessoa nua com sua amante [...]. O corpo pode ser igualmente belo e atraente, em todos os cenários, mas nem o médico ou a médica, nem o pintor ou a pintora [...] terão uma experiência visual comparável à dos amantes. O objeto corpo pode ser o mesmo, mas a relação entre quem olha  e quem é observado são diferentes.
[...] 
 
Mesmo sendo, por hipótese, sempre o mesmo, o corpo será sempre diferente na visão dos que observam, de acordo com as relações que se estabelecem entre quem olha e quem é olhado. Essa diferença não expressa mudanças do corpo observado. O que muda, portanto, são os olhares, ou melhor, as relações nas quais se projetam esses olhares e as condições em que esses olhares produzem visões do corpo. Quer dizer, se o olhar transporta para a imagem daquilo que é olhado um pouco da pessoa que olha, se o olhar transporta para a imagem a relação entre o que vê e o que é visto, deduz-se que ver é relacionar-se.
[...]
Celso Athayde, MV Bill, Luiz Eduardo Soares. Cabeça de porco.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. p. 172-3


PROPOSTA  DE ATIVIDADE: 
   
 Utilizando-se dos conceitos estudados sobre descrição, escreva três parágrafos descritivos sobre a imagem de um corpo nu, de homem ou de mulher. Você deverá levar em consideração os pontos de vista explorados no texto lido:

1. O ponto de vista do médico, numa consulta.



2. O ponto de vista do pintor, na criação de uma obra de arte.




2. O ponto de vista do (a) amante, num encontro amoroso.